Aproxima-se mais um período eleitoral autárquico onde todos seremos chamados a nos pronunciar sobre os destinos da nossa terra enquanto eleitores conscientes. Este deverá ser um período de reflexão sensata sobre o passado, o presente e o futuro da nossa cidade.
Pelas responsabilidades que já assumi enquanto autarca, mas principalmente pelo amor que tenho à minha terra, gostaria de algum modo de contribuir para essa reflexão.
Quase 40 anos se passaram desde que foi dada a oportunidade aos portimonenses de escolherem os gestores políticos da nossa cidade. Os portimonenses sempre optaram por atribuir ao Partido Socialista a gestão dos destinos da cidade, e acredito que se o fizeram foi porque sempre tiveram razão para tal. Em 40 anos de poder, logicamente que muitos erros poderão ser apontados à gestão socialista, mas seria uma injustiça não reconhecer que a cidade se desenvolveu, cresceu e assumiu durante quase uma década um protagonismo regional assinalável. O problema é que o modelo de desenvolvimento protagonizado pelo Partido Socialista para Portimão provou ser efémero e insustentável, principalmente do ponto de vista financeiro e o PS não conseguiu, ou não quis, corrigir atempadamente essa situação. Hoje são os portimonenses que sofrem as consequências sociais e económicas de forma profunda, e infelizmente ninguém poderá dizer com seriedade que essas consequências serão mitigadas num futuro próximo. Poucos acreditarão que os mesmos protagonistas, ainda que «recauchutados», sejam capazes de dar a volta por cima e encontrar um novo rumo, novos modelos e novas soluções, até porque, se tal acontecer, os vícios, os compromissos e os compadrios continuarão como até aqui. Mas a responsabilidade de apresentar alternativas credíveis caberá aos partidos da oposição, e mais particularmente ao Partido Social Democrata. O PSD tem mais do que nunca a obrigação, perante os portimonenses, de apresentar protagonistas e alternativas com as quais estes se possam identificar. Este não é o tempo de alimentar rancores e vaidades pessoais, as quais infelizmente muitas vezes se sobrepõem a todos e quaisquer critérios de racionalidade. Este é sim um tempo de criar consensos, de tentar juntar todos aqueles que possam ter alguma proximidade ideológica dentro e fora dos partidos. Se tal não acontecer, temo que a história se repita e que os portimonenses mais uma vez não encontrem a credibilidade e confiança necessária para apostar na mudança. Acredito que com bom senso e com sentido de responsabilidade será ainda possível apresentar um projeto de mudança para Portimão, merecedor do voto dos portimonenses e que abra um horizonte de esperança que tanta falta faz à nossa cidade. *Ex-autarca Ex-dirigente do PSD Portimão |
In Barlavento
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