quarta-feira, abril 23, 2008

O Porta-voz (texto de Abril de 2008)


Fiquei a saber há uns dias, através do Barlavento, que o Partido Socialista de Portimão contratou um porta-voz, um tal de mestre Dantas, que pelos vistos é mestre em qualquer coisa relacionada com política, e é também especialista em matérias de cor e de mudanças de cor.Devo confessar que me senti lisonjeado por criatura de tal intelecto e com tamanhas provas dadas na política se dirigir directamente à minha pessoa, e na sua boa vontade transmitir-me os seus doutos ensinamentos sobre política. Devo no entanto dizer que lhe faltou logo à partida alguma honestidade intelectual, pois o mestre, para além de se identificar como mestre, e ao escrever um artigo de tal teor, deveria também ter dado a conhecer aos leitores a sua qualidade de membro da Assembleia Municipal de Portimão, eleito pelo Partido Socialista, após um estágio na Coligação “Portimão a Sorrir”.Mas enfim, o fundamental não será dar resposta à voz do dono, mas sim ao dono propriamente dito e a esse respeito é necessário dizer que o Partido Socialista, confrontado com um conjunto de questões objectivas expressas num artigo que escrevi e que foi publicado no Barlavento, optou não por dar respostas às questões levantadas, mas sim pela crítica pequena e mesquinha.Questionei no referido artigo a política de eventos efémeros, de festas VIP e de ecrãs gigantes. Esperaria uma resposta objectiva sobre quais as mais-valias que trouxeram para os Portimonenses e para o seu dia-a-dia. Na falta de argumentos, a resposta foi … as mais-valias da marca Portimão??????. Questionei também a inexistência de um conjunto de infra-estruturas e a falta de resultados de algumas políticas seguidas pelo actual executivo socialista, em contraponto com a já referida politica de auto-promoção. A esse respeito a resposta foi que “Roma e Pavia não se fizeram num dia”. O problema é que o executivo socialista da Câmara Municipal de Portimão não aterrou de pára-quedas em Portimão em 2005, como por vezes parece que querem fazer passar, tendo por isso responsabilidades quer nos muitos erros cometidos ao longo de 33 anos, quer num conjunto de promessas que têm sido sucessivamente repetidas e sempre adiadas.Lembrei ainda as dúvidas que levantam os modelos financeiros seguidos actualmente pela autarquia. Só para que se tenha uma noção: considerando o passivo consolidado da Câmara Municipal de Portimão e das Empresas Municipais expresso nos documentos de prestação de contas de 2007, que ascende a mais de sessenta e sete milhões de euros (67.000.000 €), acrescido dos vários compromissos assumidos com as parcerias publico – privadas, os encargos financeiros assumidos pela autarquia deverão vir a consubstanciar em conjunto um valor superior a duzentos e cinquenta milhões de euros (250.000.000 €). Quanto a esta questão nenhuma resposta foi sequer esboçada.A falta de argumentos leva normalmente a que se dirija a crítica para o baixo nível, e a resposta do Partido Socialista foi realmente demonstrativa da falta de argumentos. Quando se procura de forma mesquinha apontar questões internas partidárias dos outros para justificar as nossas próprias más consciências, o resultado só poderia ser um arrazoado de disparates; aliás tanta justificação sobre a questão do “bloco central” só pode indiciar má consciência por parte dos responsáveis do Partido Socialista em relação aos seus próprios militantes.Devo ainda dizer, para terminar, que prefiro pertencer a um partido que discute, mesmo que por vezes de forma áspera, do que a um partido resignado que deitou fora todos os seus princípios fundacionais, e que vive apenas do marketing e para as estatísticas.Ponto Final.


Pedro Martins

Vereador do PSD na Câmara Municipal de Portimão.

In barlavento.online.pt 10 de Abril de 2008

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